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Publicado: Terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Ilha do Capote Negro - Ilha do Faial

A Ilha do Capote Negro - Ilha do Faial

“A ausência tem uma filha

Que se chama saudade,

Eu sustento mãe e filha

Bem contra a minha vontade!”

Caríssimos leitores, baseando-me nestas palavras profundas, plasmadas de um inexpugnável sentimento de saudade, que certamente não era por uma filha, apraz-me dizer-vos que, eu também sinto tão nutrida saudade de voltar a escrever, após este período de prolongada ausência, bem contra a minha vontade!

Quando fui criança, era minha predileção subir a enorme figueira do meu quintal, sentar-me no ramo mais alto, tomar o comando do navio imaginário e navegar até encontrar uma terra paradisíaca. Hoje, sentada numa cadeira de secretaria, toda aerodinâmica, tendo como leme o teclado do meu computador e servindo-me do dom das palavras, vou fazer novamente uma longa viagem, para ir ao encontro dessas paragens que tanto fascinaram os meus utópicos sonhos e descrever-vos histórica e geograficamente, a ilha azul.

Geograficamente – esta ilha azul, assim descrita pelo escritor Raul Brandão, a quem se deve o conhecido código das cores (uma para cada ilha, deslumbrado então com a imensidão de hortências azuis existentes por toda a ilha, atribuiu-lhe esta cor, certamente por lhe inspirar serenidade) – situa-se no extremo ocidental do grupo central no arquipélago dos Açores. Entre esta e a ilha do Pico - vizinha de porta - desenha-se um braço de mar com 8,3 km (ou 4,5 milhas náuticas). Neste estreito, o atlântico esgueira-se sorrateiramente para a sua imensidão, deixando apenas vinte minutos de viagem navegados por barco, entre uma e outra, é de extrema beleza e deslumbramento a paisagem que quase tangencia o surreal, o que nos rodeia nesta pequena viagem. Com forma quase pentagonal, tem uma área de terra de 21km de comprimento e uma largura máxima de 14km, o que perfaz uma área de 172,43km quadrados. No ano de 2001 a população residente era de 15 0663 habitantes.

Pela abordagem que fiz a alguns documentos sobre história e povoamento, sobre esta ilha, tal como das restantes, não existem datas cronologicamente fixas, que nos facultem com exatidão marcos fixos sobre a sua descoberta e povoamento, mas sim datas suposicionais de estudiosos historiadores, assim sendo e segundo o Atlas Catalão, a ilha do Faial foi identificada pela primeira vez (entre 1375 e 1377) como “Ilha da Ventura”

Gonçalo Velho Cabral terá achado as ilhas do grupo central – Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial – mas, em 1451 é que Diogo de Teive passa ao largo da ilha na sua viagem de exploração para ocidente dos Açores, consequentemente em 1460 esta aparece no testamento do Infante D. Henrique, como “Ilha de São Luís” [de França]. Atualmente é denominada Ilha do Faial pelo extenso povoamento das árvores de faia-das-ilhas.

O historiador Gaspar Frutuoso, afirma que, um eremita vindo do reino, foi o primeiro povoador. Este subsistia apenas à base de pequenos animais existentes na ilha, colocados nesta, por povoadores Terceirenses que possuíam fazendas para a criação de gado. Viajavam para a ilha somente no verão, época na qual mantinham contato com o eremita, que, cresse tenha desaparecido em viagem efetuada à ilha do Pico, numa embarcação tosca, revestida de cabedal.

O única relato contemporâneo da primeira expedição à ilha para povoamento, consta que o confessor da rainha de Portugal – Frei Pedro, aquando da sua ida à Flandres, como embaixador do reino, junto da Duquesa de Borgonha, travou conhecimento com o nobre Flamengo – Joss van Hurtere, ao qual relatou como tinham sido descobertas as ilhas e que nelas residia uma riqueza incalculável em prata e estanho, (para ele os Açores eram as ilhas Cassitérides). Hurtere, na mira de tamanha riqueza, gananciosamente convenceu um grupo de homens de bem e trabalhadores, a partirem com ele prometendo-lhes faustosa riqueza.

Aportaram à ilha em 1465, na enseada da Praia do Almoxarife; permaneceram ali durante um ano, ao fim do qual esgotaram-se os mantimentos, sem que tivessem descoberto as tão cobiçadas riquezas. Fracos e revoltados por terem sido enganados, amotinaram-se para matar Hurtere, que se valeu de esperteza e na surdina, escapou-se da ilha, deixando os quinze homens exilados naquelas paragens inóspitas.

Decorridos dois anos, Hurtere regressou novamente à ilha, mas com uma expedição organizada e patrocinada, pela Duquesa de Borgonha. Desta vez a expedição era composta por mulheres e homens de todas as condições sociais, com padres e tudo o que era conveniente ao culto religioso. Além de navios carregados de móveis e utensílios para a agricultura, neste contingente também foram incluídos, materiais para a construção de casas. Esta dita Senhora ordenou também que fossem degradados para a ilha, criminosos que estavam condenados a morte civil.

Por volta de 1470 desembarcou na ilha Willem Van Hagen, liderando uma nova vaga de povoadores; foi a partir daí que a ilha desenvolveu um rápido crescimento económico, que se deveu à cultura do trigo e do pastel. Após o aportuguesamento do nome, Willem van Hagen passa a ser Guilherme da Silveira.

Mais tarde, Hurtere viajou para a Lisboa a fim de contrair matrimónio com D. Beatriz de Macedo; nesta altura foi-lhe concedida a capitania da ilha pelo Infante D. Fernando, Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo.

Em 1583, durante a dinastia Filipina, D. Álvaro de Bazán fez chegar à ilha do Faial um corpo de homens de armas, capitaneado por D. Pedro Toledo para evitar a desobediência e revolta contra Filipe II de Portugal, os quais defrontando-se com os revoltosos ao ponto de executarem o Capitão-Mor do faial, no forte de Santa Cruz. Esta mesma guarnição e já em 1587, sob o comando de Diogo Suarez de Salazar, evitou que a ilha fosse invadida e saqueada por corsários ingleses, chegados num navio pirata oriundo de Cabo Verde. Assim, e até 1597, a ilha viu-se envolvida em repetidos atos de pirataria que foram defraudando a economia, culminando a sua decadência com um grande sismo de 1672 que arrasou parte de Faial.

A partir de 1860 e devido novamente ao seu posicionamento estratégico nas águas atlânticas, às excelentes condições do porto de abrigo, foram atraídos navios de comércio da laranja e baleeiros estadunidentes que lá iam reabastecer-se, deixando assim importantes divisas para a ilha. Foi também nesta época, que o Faial tornou-se o centro de ligação de cabos submarinos entre a Europa e a América.

Posteriormente e no contexto da primeira Guerra Mundial, a cidade da Horta sofreu bombardeamentos por parte de Império Alemão (1916). Dois anos depois ocorreu a inauguração do Peter Café Sport, este café foi e é suporte para correspondência de todos os estrangeiros que por ali passaram e passam, de resto conhecido em todos os cantos do mundo.

Após a eloquente passagem, por esta módica forma de contar um pouco de história, a ilha não se completaria sem

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